Obras de Tarsila do Amaral: biografia e fotos

Confira algumas das principais obras de Tarsila do Amaral e um pouco sobre a vida e carreira da pintora e desenhista.

No século XX iniciou-se no Brasil um movimento artístico que rompeu com todos os padrões clássicos de perfeição, sendo duramente criticado, mas também atraindo muitos adeptos.

O Modernismo conseguiu a atenção de diversos artistas por inovar a arte. A preocupação era apenas de expressar o sentimento do artista, usando técnicas e cores que esboçassem a visão de seus criadores independente do conteúdo.

A Semana da Arte Moderna de 1922 foi o divisor de águas para a cultura brasileira. Nela músicos, escritores e pintores expuseram e apresentaram seus trabalhos para o público de São Paulo, causando alvoroço. Uma das artistas que marcou o Modernismo brasileiro foi a pintora Tarsila do Amaral, que trouxe obras inovadoras com o sentimento nacionalista aflorado.

Quem foi Tarsila do Amaral?

Pintora e desenhista brasileira, Tarsila do Amaral foi uma das principais representantes da Arte Moderna no Brasil. Sua obra mais conhecida foi Abaporu, pintada em 1928. Também ficou conhecida por dar início, junto de Oswald de Andrade e Raul Bopp, ao movimento Antropofágico, o mais radical do período moderno.

foto de tarsila do amaral
Divulgação

Biografia 

Nascida em Capivari, interior de São Paulo, no ano 1886, Tarsila do Amaral cresceu numa fazenda de café com seus pais e irmãos. Iniciou seus estudos no Colégio Sion, dando continuidade em Barcelona. Em 1906 se casou pela primeira vez e teve sua filha Dulce. Porém, seu marido tinha uma visão muito conservadora sobre o papel da mulher na sociedade, não permitindo que Tarsila trabalhasse em suas obras, o que resultou na anulação do casamento.

Em 1918 retomou seus estudos de artes plásticas, aprendendo técnicas de escultura, desenho e pintura, na cidade de São Paulo. Nesse ano mudou-se para Paris, onde, graças a sua fortuna pessoal, pôde aperfeiçoar suas técnicas em duas academias renomadas de arte francesa. Foi em Paris que conheceu Anita Malfatti, que se tornou sua amiga e com quem se correspondeu recebendo notícias sobre os movimentos artísticos no Brasil. Ao retornar ao país, em 1924, passa a estudar as técnicas da arte moderna.

Já em 1925 teve algumas de suas ilustrações publicadas na livro de poesias Pau-Brasil de Oswald de Andrade. Em 1926 acontece em Paris a sua primeira exposição individual. É em 26 também que Tarsila se casa pela segunda vez com o escritor Oswald de Andrade.

Porém, com a Grande Depressão de 1929, Tarsila e sua família sofre com a crise do café perdendo a fazenda e quase toda a fortuna. Neste ano ainda, seu casamento com Oswald de Andrade chega ao fim após ele deixá-la para viver com a revolucionária Patrícia Galvão. Em 1930 Tarsila começa a trabalhar como conservadora na Pinacoteca do Estado de São Paulo, mas com o início da ditadura Vargas é demitida.

Em 1931 Tarsila do Amaral vende algumas de suas obras para conseguir dinheiro, o qual usa para se mudar para a União Soviética com seu novo marido. Lá adota uma nova visão política, aderindo aos ideais esquerdistas da época com temática trabalhista. Logo segue para Paris onde começa a trabalhar como pintora de paredes, sensibilizando-se com as condições da classe operária.

Ainda na década de 30 Tarsila e o escritor Luiz Martins passam a trabalhar juntos em pinturas de cunho social. Porém, com a aproximação eles começam a ter uma relação afetiva. Tarsila então se separa do marido para viver com o jovem escritor que era vinte anos mais novo que ela.

Em 1965, após seu terceiro divórcio, Tarsila do Amaral, sentindo muitas dores na coluna, é submetida a uma cirurgia. Porém, devido a um erro médico, ela perde o movimento das pernas. Em 1966 sua filha falece devido a ataques de diabetes, o que a afundou na depressão. Buscando consolo, encontra no espiritismo uma forma de seguir. A partir daí passa a doar toda a arrecadação de suas obras para a instituição de caridade que Chico Xavier cuidava.

Tarsila passa a representar o Modernismo brasileiro participando de diversas Bienais e exposições por todo o mundo. Mas em 1973, aos 87 anos, Tarsila do Amaral falece durante uma cirurgia no abdômen, deixando seu legado em obras que marcaram a história da arte no Brasil.

Principais obras de Tarsila do Amaral

A obra de Tarsila do Amaral foi marcada por três fases. A fase Pau-Brasil, com início em 1924, foi a primeira em suas obras modernas, com o nacionalismo enraizado. Tarsila rompe com o conservadorismo e enche suas obras com cores e formas explorando temas tropicais, exaltando a fauna e a flora e os símbolos da modernidade urbana. Nessa fase destacam-se as obras A Feira, A Estação Central do Brasil e O Pescador.

quadro a feira
A Feira. De 1924
o pescador
O Pescador. De 1925

A segunda fase foi a antropofágica, conhecida como a mais radical da era moderna. Esse movimento dentro do Modernismo foi inspirado pela obra Abaporu (que significa homem que come carne de homem, em Tupi-guarani) da própria Tarsila. A pintura foi ainda oferecida a Oswald de Andrade, seu marido na época, como presente de aniversário. Nesta fase mais duas obras têm destaque: O Lago e Antropofagia.

quadro de Obras de Tarsila do Amaral
Quadro Abaporu. De 1928
principais obras
Quadro Antropofagia. De 1929

Já a fase Social, terceira e última da carreira de Tarsila, iniciou em 1933 abordando questões sociais, como a situação cotidiana dos trabalhadores. A obra que marcou o início dessa fase foi Operários, tendo destaque também para as obras Segunda Classe e Crianças do Orfanato.

operários
Quadro Operários. De 1933

Tarsila do Amaral pintou ainda dois painéis: Procissão do Santíssimo, de 1954, feito para a comemoração do IV Centenário da cidade de São Paulo; e Batizado de Macunaíma, de 1956, para a Editora Martins.

Batizado de Macunaíma
Quadro Batizado de Macunaíma. De 1956

Resumo sobre Tarsila do Amaral

Com uma vida cheia de privilégios e mordomias desde a infância, e diversos companheiros durante sua trajetória, Tarsila do Amaral nunca se permitiu viver de acordo com os padrões. Talvez tenha sido por isso que se entregou ao Modernismo e sua quebra de conceitos estéticos.

Em todas as suas fases artísticas ela enriqueceu a arte brasileira e sua própria vida com cores vivas e figuras disformes, mas foi na sua primeira fase que seu trabalho foi de extrema importância, sendo considerada um dos cinco principais artistas que consolidaram a era moderna no Brasil.

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